domingo, 21 de setembro de 2008

Despedida


O jovem acordou cansado, a final sua garganta estava em estado precário, inflamada pra burro. Tratou de programar uma consulta com o médico especialista no assunto para a tarde daquele mesmo dia. E assim o fez. Este lhe passou antiinflamatório e disse que aos poucos haveria melhora na região.

Após saber a cura para sua enfermidade, o rapaz resolveu assistir ao treino de seu time de futebol, que também andava mal das pernas após o dois de julho, dia do waterloo tricolor.

Já na sede, soube pelas manchetes que chegara a hora da decisão: a saída ou não do camisa 10, Thiago Neves. O meia havia jurado amor eterno ao clube das três cores e dito que jogava no melhor time do mundo. Domingo era dia de Fla-Flu e os fiéis contavam com a presença do carrasco rubro-negro na meiuca para conduzir mais um baile.

Com essa esperança no peito, o menino sentou-se junto a muitos outros fãs nas arquibancadas brancas das Laranjeiras. Ali, ele esperou cada semblante aparecer no gramado.

Um a um os jogadores iam se dirigindo ao campo para o alongamento. Ao mesmo tempo que o número de atletas no vestiário diminuía, a ansiedade pela resposta aumentava. Todos estavam curiosos para saber o fim daquela novela.

Ele não entrou.

Decepção. Coração apertado. Olhos rasos d’água.

A indústria do futebol corrompia mais um jovem talento, enganando, como de costume, àqueles que não ganham nada para estarem naquele posto de torcedor. O dinheiro goleia o carinho humano outra vez. Pobres apaixonados.

O destino? Nenhum clube de ponta da Europa. Nada de Milan, Barcelona ou outros bambas do cenário internacional. Hamburgo. Promissor time alemão, que havia desembolsado muitos euros pela contratação.

Com a mala abarrotada de verdinhos, lá se foi o ‘craque’ para ares europeus, deixando para trás o Brasil, o Rio, o Fluminense e a confiança do garoto.

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