quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 de Setembro


11 de Setembro

Um homem de terno esporte caminhava apressadamente de um lado para o outro em passos ansiosos sob um ambiente escuro e tenso. Na sala vazia do segundo andar de La Moneda, esse só tinha como companheiras as paredes, enquanto lembrava sua vida nos prováveis últimos segundos dela.

Ele retira os óculos e com a manga de seu paletó limpa a porção engordurada de suor que se acumulara nas lentes cristalinas que um dia enxergaram um futuro igualitário para a nação que tanto amara.

Aviões riscam o céu. Concomitantemente, a Plaza de la Constitución é ocupada por carabineiros e integrantes da junta militar que auxiliavam na administração estatal.

Em meio ao burburinho de tanques e armas, um elemento bigodudo destaca-se na multidão.
Judas Iscariotes, o Pinochet.
No prédio, o homem caminha a passos curtos ao divã. Lá se ouve um único tiro. Um, para tirar a vida da única pessoa que não abandonou seu posto diante das ameaças da guarda condor protegida por penas de águia.

As bombas são atiradas sobre o prédio.

Foram necessários 15 bombardeios para que as labaredas subissem pelas janelas do palácio e, com elas, o sonho de uma América socialista se queimava, virando, por fim, cinzas nos escombros presidenciais.

Sob as ruínas, os soldados chilenos procuravam o corpo do homem a quem tinham traído. Subiram com dificuldades até o segundo andar destruído e o encontraram deitado num divã, em meio a um mar constituído de seu próprio sangue. Ao seu lado, a metralhadora com a inscrição ‘’ A seu amigo e companheiro de luta Salvador, Fidel Castro’’.

Allende, no dia 11 de setembro de 1973, morria por seus ideais socialistas.

‘’Tengo Fé em Chile y su destino’’

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